quinta-feira, 28 de agosto de 2008

As Peripécias do Legendário Bulk Flatulento.

Há algum tempo sem postar... vamos por uma pitada de humor nisso?
Essa é quase uma parábola bíblica, nos mostra a sabedoria dos idosos e o desrespeito da juventude criada em apartamento, à vitamina de leite com pêra e docinhos caramelados da vovózinha.


As Peripécias do Legendário Bulk Flatulento – A velhinha do ponto.


Bulk, Beto, Rodrigo, Osmar e eu esperávamos no ponto de ônibus da Avenida Ana Costa o circular 10. Ao nosso lado, uma pacata e veneranda anciã, já entrando, talvez, em sua nona década de vida. A velinha era calma e simpática, portava uma bela bengala de ébano e não media mais do que 1 metro e quarenta, devido à sua avançada idade. Enquanto eu observava aquele pequeno e frágil monumento da experiência e sabedoria dos idosos, o seguinte diálogo era travado entre meus amigos:

-Essa merda desse ônibus não chega. Quero chegar em casa logo pra poder cagar! – reclamava Bulk.

-Olha a senhora aí do teu lado, sua bicha! – disse Rodrigo.

-É, seu cagão, e se tu peidar aqui, a gente vai te bater! – completou Osmar. Beto limitava-se a rir. Foi nessa hora que aconteceu! Uma obscura reação química, sem precedentes históricos iniciou-se nas profundas trevas da região anal, digo, secular, de Bulk.

Gases tóxicos acumularam-se em uma densa nuvem, escura e pestilenta como uma praga bíblica. Notei a expressão de total desconforto e terror extremo no rosto de meu amigo:

-Tu tá legal, Bulk?!? – perguntei, embora já soubesse a resposta.

-Paulo, foi mal cara, mas não dá pra segurar não! – e levantando sua perna direita (a que estava do lado da velhinha) ele soltou um sonoro e malcheiroso “flato”. Então, do alto de sua sabedoria quase centenária, a senhora limitou-se a olhá-lo, erguendo seu rosto, antes simpático, agora com uma pétrea expressão de nojo e medo na direção de nosso herói com problemas intestinais, e proferir três palavras que comprovaram toda a sabedoria que eu achava que ela tivesse. Com sua voz trêmula, e seus olhos fixos nos de Bulk, ela disse:

-Filho da puta!

E se retirou do ponto o mais rápido possível, comprovando o quanto era esperta, bem mais do que todos nós juntos.



As Peripécias do Legendário Bulk Flatulento - Paulo Oliveira

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Almas Gêmeas.

Estranho... não sei por que, mas agora pensei em mímicos.
Sei lá, acho que talvez mímicos sejam mais felizes que palhaços. Não, isso não tem nada a ver com o texto, apenas "pensei alto".



Rogério e Marli estão no carro, com Marli ao volante. O sinal fecha e Rogério observa o ônibus que para ao seu lado e divaga:


-Não é irônico? Por exemplo, ali, naquele ônibus, as pessoas que estão nele. Um homem que está nele pode estar ao lado do seu grande amor e não notar porque está ocupado demais olhando pela janela, e ela pode não notar que o homem de sua vida está ao seu lado porque está distraída lendo o jornal! Aquela pessoa que cruzamos na rua e perguntamos as horas, aquelas que estão na nossa frente ou atrás de nós na fila do banco, do correio, da padaria, enfim... Essas pessoas podem ser nossas almas gêmeas, e simplesmente não notamos porque estamos ocupados com outras coisas e às vezes basta um gesto simples, como olhar pro lado pra notá-la, como você, como agora!!

É a primeira vez que te digo isso, mas gosto de você desde, sei lá... Desde sempre! Mas nunca te disse isso, e eu nem sei o porquê não te disse antes, acho que por medo, mas o medo acabou, e eu queria saber se você, se eu tenho chance com você, eu só não quero que isso interfir...

-Desculpa Rô, você falou alguma coisa? Eu tava retocando o batom e não prestei muita atenção...

-Não, não é nada importante não. Olha lá, o sinal abriu...



Almas Gêmeas - Paulo Oliveira

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Medo.

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."
(William Shakespeare)

Como dizer melhor que isso?

Medo... tá bom, medo. Mas medo de quê???

Medo de que aquele par de olhos, doces, lindos, não me olhem mais do mesmo jeito.

Medo de não ver mais nenhum sorriso daquela boca que eu sonho, e que rio quando ela ri, ou morde os lábios.

Medo de poder sentir, no máximo, saudades.

Medo de não poder mais conversar com ela, ouvir sua voz, sentir seu cafuné, seu abraço, não sentir o cheiro de seu perfume, ouvir suas piadinhas, suas respostas, seus pedidos, medo de não vê-la mais, de perde-la, medo que ela me diga “não”.

E se ela disser “não”...?

...e se ela disser “sim”...?



Medo - Paulo Oliveira

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Cuidado!!!

Só um conselho.
Não, não o estou vendendo, mas suponho que seja bom.

Se alguém quiser me dar algum dinheiro (ou conselho) também, não vou recusar... minha mãe me disse para sempre aceitar com um sorriso e um "obrigado" um presente.
Espero que alguém goste.

Cuidado!!! Muito cuidado, meu amigo, pra não viver uma não-vida.

Não basta sobreviver. Sobreviver significa “sub-viver”; quem sobrevive não vive.
É preciso viver sempre ao máximo, sempre viva o mais que você puder, faça o que quiser, sempre que puder fazê-lo, e aprecie o que você fizer. Faça sempre com prazer, tudo, desde as coisas mais simples, execute-as da melhor maneira, sempre, sempre com perfeição, como se fosse a primeira (ou a última) vez que você as fizesse.

Não olhe apenas: veja, observe, visualize cada detalhe que puder captar. Cada cor tem sua particularidade, o céu é de um azul único, pode comparar.

Não cheire: aprecie, aproveite, curta cada pequeno e suave perfume que puder sentir. Sinta até alguns "odores não tão agradáveis". O olor das rosas, o cheiro da chuva, do mar, ou do seu par.

Não ouça, também: escute, atente a cada som de cada parte pela qual passar, atente como são distintos, como cada um tem sua particularidade.
O canto dos pássaros, o som da voz do seu amor, a melodia das músicas.

Não toque: sinta, perceba as nuances de cada contorno, cada curva, cada relevo, seja alto ou baixo; sinta tudo que puder tocar, tudo o que estiver ao alcance de suas mãos, seus pés; sinta a terra molhada sob seus pés, a casca de sua árvore.

Não coma: prove, saboreie, deguste tudo que puder com seu paladar, seja o que for, mesmo que você não goste do sabor. Prove o amargor do jiló, o doce do mel, deguste o que puder provar. O que vale é a experiência.

Viva! Viva a vida intensamente, e ao máximo, sempre aproveitando cada oportunidade que a vida lhe der. Só assim, porque só assim, meus amigos, vocês poderão dizer com orgulho (e não como consolo!), que viveram, e que, se não fizeram tudo o que quiseram, fizeram tudo o que puderam.



Cuidado - Paulo Oliveira

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Relâmpagos.

Publico esse porque ontem choveu.
E também porque está cada vez mais difícil para mim ser imparcial.
Alguém entendeu?


Ontem choveu, e eu fiquei olhando os relâmpagos caírem, e ouvindo a chuva bater no vidro da janela, e comecei a pensar sobre o porquê de algumas pessoas terem medo de relâmpagos, e outras acharem bonito e gostarem de vê-los cair.

A nossa vida é muito parecida com o céu: às vezes é claro e alegre como o dia, e às vezes, escuro e introspectivo como a noite, e sempre se alternam esses momentos de alegria e introspecção, como o dia sucede a noite, e vice-versa. E de vez em quando, aparecem as tempestades, seja dia ou noite, e relâmpagos com elas, e eles mudam a forma como enxergamos o céu, assim como as mudanças mudam a forma como vemos nossa vida.

O relâmpago é sempre rápido e efêmero, e por mais brilho que ele jogue no céu, ele dura pouco e logo o céu volta a ser como era antes. É aí que reside a dúvida: porquê então, as pessoas temem o relâmpago?

Será que é porquê é súbito como as mudanças que atingem nossa vida?

Ou será que é por ser efêmero e passar logo, por mais bonito que seja?

Pode-se entender o medo do relâmpago como o medo da mudança, mas, se pararmos para pensar, não há por que temer, pois por mais apavorante que seja o relâmpago, logo o céu volta a ser como era antes. Depende de nós encararmos os relâmpagos como um espetáculo da vida ou como susto após susto, com medo e espanto. Cabe a você encarar as mudanças como algo apavorante, ou como algo belo e brilhante, e especial e diferente, como cada relâmpago é diferente do anterior.

Sempre que chove, eu deito olhando a janela e vejo os relâmpagos riscarem o céu, e ouço a chuva bater no vidro, e ontem não foi diferente: dormi como um anjo, como não dormia há muito tempo.


Relâmpagos - Paulo Oliveira