sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Último Colóquio (III)

A última parte do conto que ninguém vai ler...
Bom, depois de postar isso, vou fazer uma experiência e começar a usar o blog pra postar coisas do cotidiano, e de vez em quando um texto.
Tenho feito o contrário até agora, apesar de muitos dos meus textos terem alguma coisa de verídica e autobiográfica neles.
Não, esse conto não tem nada de verídico (apesar de eu não poder afirmar, com certeza) ou autobiográfico...


(continuação)



Um vulto encontrava-se sentado nele, e aproximando-se mais um pouco, pode ver que o que quer que estivesse sentado nele, trajava um manto negro rasgado. Viu uma das mangas e o capuz levantarem-se e pode ver a mão e o rosto cadavéricos daquele que estava ali, diante dele.

Ficou petrificado de tal forma que não pode nem mesmo desviar os olhos dos orifícios onde os olhos daquilo deveriam estar. Então, a voz que saiu das mandíbulas daquela coisa ali sentada penetrou em sua mente, e não em seus ouvidos, como se lhe falasse por telepatia, e de uma maneira que ele jamais poderia esquecer, mesmo que vivesse por mil vidas:

-Todos que entram aqui podem sair. São livres para fazê-lo, basta, para tanto, acharem a saída. Tu, contudo, trilhaste teu próprio caminho, o caminho de teu medo e desespero, e chegaste até mim. Eu sou aquela que todos temem, que todos odeiam e que ninguém espera, embora todos saibam que, um dia, cedo ou tarde, os visitarei. Chamam-me Morte. Tu ignoraste meus avisos, e agora deves vir comigo. Espero que tua última refeição tenha sido aprazível. Era teu prato favorito, sabes? Mas tu demoraste, e eu me demorei. Contudo, não falho.

E, talvez por um surto de coragem, talvez por um surto de desespero ou um surto de loucura, não há como saber, ele disse:

-Mas eu, bem... eu... eu esperava ser alguém importante, famoso, que fizesse a diferença para o mundo.

-Isso é o que todos esperam e acham. Só que, enquanto tu, e muitos outros como tu apenas esperam ser, e esperam, e esperam até que eu venha a visitá-los, outros, como Da Vinci, Flamel e Einstein esperam e o são. Agora responda-me: tu sabes o porquê disso? Porque eles agem! Eu visitei, visito e visitarei à tudo e todos, sem distinção de raça, cor, credo, idade ou sexo. Visitei papas e mendigos, camponeses e monarcas, rainhas e atores, heróis e vilões. Eu existo desde sempre, e para sempre existirei.

-Mas porquê...

-Porquê a vida precisa ser renovada. Visito todos, e visito tudo. Torno pedras em areia, e destruo árvores, para que sirvam de fonte para novas mudas, e desfaço corpos decadentes, como o teu, para que novos ocupem o espaço que outrora o teu ocupara.

-Mas como “decadente”? Eu só tenho vinte e três... porquê?

-Vocês humanos, com seus “mas” e “porquês”... Tudo recebe o meu sopro, dia após dia, hora após hora, desde o momento em que passam a existir. O homem começa a morrer à partir do momento em que é concebido no ventre da mãe; a árvore começa a apodrecer desde o momento em que seu grão germina. Tu não poderás compreender isso, nunca enquanto trajares estes andrajos que chama de “corpo”, saberás apenas quando for alma. Quando te despojares disso que vestes saberá, ou melhor, lembrará, para mais tarde, quando tomares uma nova carcaça, tornares a esquecer. Não há motivo para temer a mim. Sou eu quem fecha a porta da ignorância e abre a porta do conhecimento. Todos, inclusive tu, tentam entender-me, embora não haja o que entender. Não sou um enigma, apenas sou... a Morte.




Último Colóquio (III) - Paulo Oliveira



terça-feira, 3 de novembro de 2009

Último Colóquio (II)

Ahn... alguém ainda tá lendo isso?
Eu tenho mais coisas pra falar aqui, sobre o que tem rolado nos últimos... ahn... meses!
Mas vou terminar de postar o conto primeiro!



(...continuação)

Quando as portas duplas se abriram, revelaram uma ampla biblioteca. Livros antiqüíssimos estavam dispostos nas estantes que forravam todas as paredes do grandioso salão. Um odor estranho e repulsivo pairava e impregnava o cômodo. Notou que no centro da pequena mesa de leitura repousava uma bandeja coberta com tampa de prata. Era dali que vinha o cheiro. Sentou-se na poltrona de veludo carmesim mofado e levantou a tampa cuidadosamente, depois largando-a, fazendo com que caísse ruidosamente no chão, causando um estrondo que ecoou por toda a mansão.A bandeja continha um grande bife, de carne podre e enegrecida por baixo da grotesca capa de minúsculos vermes brancos.

O vômito veio-lhe a garganta e ele não pode segurar, e o nauseante cheiro da golfada misturou-se ao da carne, praticamente expulsando-o da sala, e saindo dela, enxugou a boca com a manga da camisa preta.
Com o canto do olho, avistou um vulto entrando em uma das portas do corredor do lado esquerdo da escadaria, correu para a porta que jurou ter visto fechar, tocou a maçaneta e girou-a, mas deteve-se, enregelado pelo seu nome sussurrado bem atrás de si. Olhou em volta, sentindo o coração palpitante fazer-lhe tremer o corpo todo, as têmporas latejando e a adrenalina fluindo abundantemente, fazendo seus tímpanos zumbirem. Virou-se e caminhou lentamente até a porta mais próxima de suas costas e antes mesmo de tocá-la seu nome foi sussurrado mais uma vez atrás de si.

Era impossível isso, ou alguém, ou alguma coisa estava fazendo com que sua sanidade se esvaísse muito depressa. Abriu a porta imediatamente atrás de si e um cheiro de mofo e umidade escapou pela fresta aberta. Ignorando o calafrio que percorreu sua espinha, entrou na sala, e o que viu não era uma sala, mas uma escadaria longa e descendente, iluminada por tochas. Depois de muito hesitar, resolveu descê-la. Quando pôs o primeiro pé no primeiro degrau da escada, ouviu claramente por trás de seu ouvido direito o sussurro dizendo-lhe:

-Não desça.

Aquilo o assustou, e, por instinto, desceu a escadaria o mais rápido que pode. As chamas das tochas na parede tremiam com o deslocamento de ar provocado pela sua passagem. O coração parecia estar batendo em sua garganta e o sangue e a adrenalina faziam seus olhos saltarem e sua cabeça latejar. Ele desceu a escadaria por um bom tempo, e quando chegou ao seu final, o que viu foi um largo e alto arco gótico, como aqueles de seus livros de arquitetura. Com medo de que o sussurro o seguisse, entrou pelo pórtico e viu um amplo salão, com aparelhos de tortura, estantes de livros e armaduras, tudo disposto de forma tortuosa e displicente, destacando-se do resto da mobília do cômodo um escuro trono ao fundo.
(continua...)


Último Colóquio (II) - Paulo Oliveira

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Último Colóquio.

Tava sem vontade nenhuma de postar já há algum tempo.
Não sei a causa, motivo, razão ou circunstância, mesmo tendo produzido algumas coisas durante esse recesso.
Mas não postarei o que produzi aqui tão cedo.
O que escrevo, penso que é como vinho: precisa envelhecer pra ficar bom, mesmo que eu nem toque nele (no vinho, ou no texto).
Sugestão: Se vocês gostam das estórias sobre o Rei Arthur, leiam "Once and Future King", de T.H. White.
Sem mais para o momento, apresento-lhes um conto, que escrevi quando fazia teatro, tv e cinema, (realmente, fiz esses cursos) coisa de uns 9 ou 10 anos atrás.
Chama-se "Último Colóquio", e vou postá-lo dividido, assim a leitura não fica cansativa demais.
Ah, e façam de conta que ouviram um rufar de tambores e toques de corneta...



Quando ele acordou, tudo estava mergulhado na mais profunda escuridão. Não sabia onde, quando ou porquê estava naquela tenebrosa sala. Lembrou-se que sonhara, mas quando forçou a memória, a lembrança fugiu-lhe.
Era uma casa, ou melhor, um casarão. Ele estava estirado no escuro e frio chão de mármore negro do amplo salão de entrada. As portas duplas, que davam acesso ao mundo exterior estavam vedadas com tábuas e pregos, assim como as janelas, também vedadas com tábuas e pregos por trás das pesadas cortinas de veludo cor-de-sangue que, mesmo abertas, não ajudavam em nada para iluminar o ambiente. Só com a ajuda da pouca luz lunar que, teimosamente conseguia penetrar pelas frestas das tábuas, foi que ele pôde enxergar móveis muito antigos, do século XV ou anterior, quem sabe. Poltronas e almofadas empoeiradas e mofadas, pesados livros amarelados em pesadas estantes de madeira escura, cheias de teias de aranhas contribuíam para que o clima fosse o menos acolhedor possível. Ele nem sabia que em pleno século XXI ainda existiam casas como aquela; muito mais parecida com um cenário de filme de terror do que com uma casa.
Um velho relógio de pêndulo bateu uma, duas, doze vezes. Era meia-noite (ou meio-dia?). É, agora ele tinha certeza: era um filme de terror e, logo após o ressoar da décima segunda badalada sumir por completo, ele gargalhou, e gargalhou histericamente, pois sabia que não sabia mais o que fazer, a não ser rir da situação.
O relógio bateu mais uma vez. Uma demorada hora. Esse foi o tempo que ele levou para perceber que estava em pânico e, mesmo não sendo supersticioso, bateu três vezes na madeira da estante quando um pensamento bobo sobre seu futuro ali lhe passou pela cabeça.
Resolveu subir a larga escadaria dupla até o segundo piso, pois mesmo apavorado, não poderia ficar ali para sempre. Subiu degrau por degrau demoradamente, e com cautela demasiada, chegando ao topo da escada em segurança e respirando aliviado, deixou-se pensar e suspirar um tímido “graças a Deus”.
O alívio só durou até que enxergasse na penumbra em que se encontrava, aquele pavoroso quadro de alguém com o rosto desfigurado pelo que ele julgou ser uma espécie de mumificação, coma pele seca, lábios repuxados e dentes amarelados à mostra, parcos fios de cabelo, mal cobrindo a cabeça, deixando transparecer um couro cabeludo ressecado e rachado e, nisso tudo, o que ele achou mais perturbador, foram os olhos, estranhamente vívidos do quadro, como se olhassem para ele com pena e ódio ao mesmo tempo.
Virando as costas para o quadro e voltando a encarar a escadaria, enxergou à sua direita um longo corredor com uma única porta dupla ao fundo, e a sua esquerda, um corredor semelhante, porém com varias portas de vários os lados, e uma pequena porta ao fundo. Um pensamento bobo ocorreu-lhe: o corredor da direita tinha menos portas e, por conseqüência, teria menos monstros. Sorriu silenciosamente da própria idéia e resolveu tomar o caminho da direita mesmo... “Io no creo em brujas, pero que las hay, las hay”.
(continua...)

Último Colóquio (I)- Paulo Oliveira

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ao Papai.

Faz um bom tempo que não posto aqui... Bom, hoje, como é aniversário do meu pai, vou postar um texto que fiz para ele.
Ele merece um prêmio de consolação pelo campeonato que disputamos e ele perdeu.
É, fizemos um campeonato de quem tem mais dedos, e ganhei de lavada, já que ele amputou o dedo dele semana retrasada.
Ah, você notou que tenho o humor um tanto mórbido? Isso só às vezes!



Eu vejo.

Eu vejo como ele fica triste no dia do meu aniversário por eu ter nascido um dia depois do aniversário de morte da mãe dele.

Eu sinto.

Eu sinto que ele não está satisfeito por eu não estar em uma faculdade pública, fazendo um curso que eu não gosto, ou por eu estar desempregado.

Eu ouço.

Eu ouço quando, às vezes, ele está estressado, reclama com minha irmã que ela está muito folgada, que somos “uns bostas” e que demos “poucas alegrias e mais problemas”.

Mas o que eu posso fazer? Mesmo tendo todos esses motivos pra ter raiva, ou rancor, ou qualquer outro sentimento mais “baixo” por ele, eu o amo.

Por quê?

Porque eu vejo.

Eu vejo quando ele chega, e o sorriso que se estampa, tímido e sutil, no rosto dele quando ele vê que todos nós estamos em casa, dormindo ou acordados.

Porque eu ouço.

Eu ouço o “Deus te abençoe” que vem do fundo do coração quando lhe peço a benção e dou boa noite.

Porque eu sinto.

Eu sinto que mesmo quando eu durmo fora, ele me dá um beijo de boa-noite e (mesmo não precisando) se esforça pra gostar do que eu gosto e me agradar.

E principalmente porque eu lembro.

Eu lembro das “aventuras” que tínhamos quando eu era mais novo, das noites que ele passou em claro quando eu estava doente, de todas as coisas que ele me ensinou e não esqueci mais, dos segredos e das conversas sem sentido que tínhamos e, o mais importante e por incrível que pareça, de como ele ficou feliz quando cada um de nós nasceu...



Ao Papai - Paulo Oliveira

quinta-feira, 5 de março de 2009

Nunca.

Não vou me prolongar mais... TEXTO!



Entrou no táxi e deu boa noite ao motorista:
-Boa noite, pode seguir em frente, por favor.
Depois de cinco ou dez minutos andando sempre em frente, o motorista perguntou:
-O senhor já sabe pra onde vai?
-Nunca.
Seguiram-se mais alguns minutos de silêncio, até que o passageiro pediu que o motorista virasse à esquerda. Ele obedeceu e perguntou ao passageiro se ele tinha nome.
-Sim, tenho, e o senhor também. Mas, na verdade, isso não interessa a nenhum de nós dois, não é?
Perplexo, o motorista apenas meneou a cabeça, no que o passageiro prosseguiu:
-Sei que o senhor diria que apenas queria quebrar o gelo, e tudo mais, mas, a verdade é que, pouco importa o que eu farei ou pra onde vou. Claro que o senhor me achará curioso, e se lembrará de mim por um dia ou dois, graças à minha excentricidade, contudo, passado esse espanto, alguma outra coisa ocupará sua mente, como uma conta pra pagar, ou qualquer coisa do gênero.
Tampouco eu me lembrarei do senhor. Mas, enfim, se lhe satisfaz, posso dizer-lhe meu nome.
-Ah... não, obrigado, não precisa.
Começou a chover, e o carro ia pela estrada, iluminando com o farol alto o negrume da madrugada, revelando nada além do nada. O passageiro recomeçou a falar:
-Suponhamos que o senhor seguisse a estrada sempre em frente, Senhor Motorista. Quando o senhor pararia?
-Não sei... acho que quando quisesse, ou estivesse cansado de dirigir.
-Sim, mas, imagine que o senhor nunca se cansasse, e nunca pudesse parar, quando pararia?
-Acho que nunca, mas, não saberia pra onde ir.
-Sim. É exatamente onde quero chegar.
-Entendo – mentiu o motorista, mais para desconversar do que para prosseguir conversa.
Mas o passageiro não parecia querer parar.
-E, qual é seu sonho, Senhor Motorista?
-Sonho?
-É. Qual é seu maior sonho?
-Ser advogado. Com certeza, ser advogado.
-E se eu dissesse que, no final da estrada, seguindo sempre em frente, estaria a realização de seu sonho, o senhor seguiria a estrada por quanto tempo?
-Não sei. Acho que pra sempre.
-Aham. Por favor, pode encostar aqui. Quanto deu a corrida?
Chovia cântaros na estrada deserta e escura. O motorista protestou, mas o passageiro foi insistente:
-Quanto foi a corrida?
-Sessenta e oito reais.
O passageiro deu uma nota de cem reais ao motorista, dizendo para ficar com o troco.
O motorista então perguntou, com um espanto e uma imobilidade de quem não tem a menor idéia de como agir:
-Mas o senhor sabe pra onde vai?
-Nunca.



Paulo Oliveira - Nunca

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mudanças & "Sem Definição".

Há seis meses, as coisas começaram a fazer sentido. Coisas que fiz, disse ou deixei de fazer sem um propósito aparente, de súbito se mostraram peças de um plano maior.
Não sei em que fase do plano o arquiteto Deus está agora, mas sinto que, no final, tudo vai dar certo.
Vou esperar. Não importa o tempo que passe.

Eu sou péssimo para apresentar meus textos, então serei sucinto com esse, que se chama "Sem Definição":
Texto!



Você sabe o que é “abacate”, certo? “Chocolate” você também conhece, também sabe o que é. Sabe me dizer quem é “Silvio Santos” se eu te perguntar, mas... Você consegue me dizer quem é “ela”? Como é “ela”? Em algumas palavras só, você consegue? Tenta...
Difícil, né?!


Talvez por que você não a enxergue como eu a enxergo. Eu sei que é ruim ficar sem ter o que dizer, sem ter como definir, ou descrever algo ou alguém... Mas o que dizer? Não tem o que dizer, quando você encontra alguém que é assim pra você: tudo!


Absolutamente perfeita, aquela que ri até das suas piadas mais sem graça, te acha engraçado até quando você é desengonçado, tem um sorriso doce, um jeito meigo, é inteligente e romântica, esforçada e engraçada, bonita e ingênua, paciente e impaciente ao mesmo tempo, e te dá uma sensação de que você pode confiar nela sempre, mesmo que ela seja sempre surpreendente, você sabe que ela nunca vai te decepcionar.


Ela tem um abraço carinhoso, que te conforta, mesmo nos piores dias, que te acalma. Só de vê-la, seu dia já valeu a pena... Conversar com ela é uma dádiva, sempre tem algo de bom pra te dizer, mesmo que a conversa não seja ao vivo! Pode esquecer o presente de Natal, o Bom Velhinho te deu um presente melhor do que qualquer outro: conversar com ela.


Ela te chama de doido, te deixa com falta de ar quando fala com você, ou olha na sua direção, e te dá aquela sensação gostosa de que você está caindo, sabe?! Uma espécie de friozinho no estômago, e sempre, não só “às vezes”, “algumas vezes”, ou “quase sempre”, literalmente é SEMPRE, te deixa gago, trêmulo, tonto com aquele sorriso, e aquele jeito de arrumar o cabelo, ou a risada dela, ou o jeito de tentar levantar uma sobrancelha só (em vão).


Até quando ela fala que vocês são “inguais”... Nem mil palavras poderão explicar o que é vê-la rir, ou até mesmo chorar... E, sem saber, vê-la te conquistar, mesmo sem querer, e você nunca conseguir esquecê-la, nem que você vá pra muito longe, ou pra perto, não tem como não pensar, 60 segundos por minuto, na pessoa que ela é... Por que ela é bem assim: sem definição, em nenhum dicionário.




Sem Definição - Paulo Oliveira

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Solteiro.

Bom, eu postaria esse textinho no dia 14, mas como será num sábado, e eu não costumo "frequentar" a internet no sábado, postarei hoje mesmo.
Hoje é terça feira, está fazendo um solzinho bacana aqui em Santos, e, nos últimos dias, uma frágil esperança, que estava quase quase morrendo, renasceu, mais forte do que antes.
Fernando Sabino já disse isso, e sei que não adiciono peso nenhum na sua colocação, mas mesmo assim, repito e tenho mais certeza que nunca de que "No fim, tudo dá certo. Se não deu, é porque ainda não chegou ao fim"



Você, leitor, que é sério, moderno, culto e antenado, sabe que é hoje , dia 12 de junho, é o esperado e cultuado (e por vezes, e por muitos principalmente, temido e odiado) Dia dos Namorados. Você sabe também, claro, que o Brasil é o único país do mundo que comemora essa data hoje, apenas para satisfação e salvação de lojistas brasileiros, porque no Brasil, terra do futebol, carnaval, cachaça e bunda, o ano só começa depois do Carnaval (isso quando não é ano de Copa do Mundo!), e a data de 14 de fevereiro, dia de São Valentino, que mesmo contra a vontade do governo e da igreja casava casais clandestinamente, e por isso foi mutilado, torturado e morto (não necessariamente nessa mesma ordem), seria colocada em segundo plano, diminuindo e muito o lucro de floriculturas, bombonieres, lojas de roupas, calçados e perfumarias.


Você, que não tem namorada, e quando os amigos tiram um sarrinho de você, te chamando de “tiozinho”, é daqueles que diz:

“-Eu tô pouco me lixando pra isso, porque blá blá blá...” e desenrola convulsivamente algo parecido com o primeiro parágrafo desse texto, e, pra terminar, ainda diz:

“-E eu não sou como uns otários aí que vão perder um tempão do dia e um bom dinheiro pra comprar presentinho no shopping”

Mas você, leitor, que é sério, moderno, culto e antenado, mesmo dizendo e sabendo disso tudo aí em cima, ainda fica deprimido e suspira, assim como eu e outros e, também como eu e outros, não se importaria em gastar algumas horas de seu dia e nem de gastar uma graninha...

Porque, cá entre nós, é cruel passar o Dia dos Namorados assistindo Sessão da Tarde com a sua mãe...



Solteiro - Paulo Oliveira

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Livros & Microcontos

Sorte de hoje: O livro é uma casa de ouro

Discordo.
Vejo os livros como mais que isso.
Livros são um universo inteiro, dourado e livre, muito maior que o nosso, preso por leis de gravitação, atração, constituintes e afins.
São, inclusive, uma fuga dos problemas do cotidiano, tem o poder de te abstrair, pelo tempo que durar sua leitura e sua concentração nela, dos pensamentos que não são produtivos para você, das tristezas e ainda, quiçá, alegrar um pouquinho seu dia.

Leia, pense e seja mais.
Meu conselho pra juventude.

Agora, vamos aos microcontos.

Você sabe o que é um microconto?

Como o nome diz, microconto é um conto, com dimensões muito reduzidas.
É interessante de se ver o que sai, e um ótimo exercício, contar algo com apenas 50 letras (sem contar o título, nem a pontuação).

Vou postar alguns meus aqui... espero que gostem!



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Manteve-se silente, até sentir o punhal nas costas.
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“Preciso permanecer neutra” – pensou a Suíça.
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-Alto o bastante?
-Sim!
-Tá esperando o quê?!
E o chão ficou rubro.
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Gritou, mas não ouviu sua voz. Estava surdo.
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Era ela que estava ali, mas por quê?
Não sabia, nem soube. Nunca.
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Beijaram-se.
Separaram-se.
Fizeram as pazes.
Repetiram.
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Café???

"Na sexta eu saí com uns amigos. Foi bem bacana!"

Tá, é uma frase padrão, mas é verdade.
Fomos pra um barzinho, vimos um joguinho de futebol na TV, tirei sarro da cara do Johnny, tiraram sarro da minha cara... daí a Kika chamou Johnny, Alex e eu para irmos até um aniversário num barzinho que ela ia logo depois.

Os 3, cansadíssimos, morrendo de sono, fomos?
Fomos.

Perto do barzinho, desaba um toró, chegamos molhados, e resolvemos não entrar ("e aí, vamo entrar?" "ah, se você for, eu vou" "ihh, nem tô muito afim..." "ah, então não vou não" "eu também não"), mas logo depois elas saem e resolvem ir até o McDonalds.
Nisso, eram 2 da manhã, mais ou menos.

Alex e Johnny encerram a noite por ali mesmo. Game Over. Eu não como no McDonalds, nada.
No máximo, a batata de lá, e sorvetes, mas é só. De sanduíche, Big sei-lá-que-bicho, ou outras ninharias que vendem por lá, mal suporto o cheiro.
Mas, bom, eu já teria que ir até a praia pra pegar o ônibus, acompanhei as meninas e o Éder até o McDonalds, e, mesmo sem comer nada de lá, no fim das contas, resolvi entrar com eles.
Ficamos por lá, tomei um sorvete (tava 21 graus, o que pra Santos é razoavelmente frio), e a gente ficou conversando:

"patati patatá"
"por que você tem essa música no celular? Não presta pra nada!"
"eu tomo suco de limão com couve"
"credo! Deve ser horrível!"
"você não vai com a minha cara?"
"só com 5% dela"
"piriri pororó"
"já é a quinta vez que toca essa música"
"pintei essa toalha a dedo"
"então vou jogar catchup nela! Toma!"
"meu avô que me chamava de mandrião"
"blá blá blá"
...enfim, amenidades.
As moças da limpeza levantando as cadeiras, passando pano... eram 6 da manhã.

"Ah... vamos ficar pra tomar café!"

Aham, tá. Ficamos pra tomar café.
Mas cadê o café???

Tinha até, mas nos serviram chá de camomila. 300 ml de chá de camomila.
Era exatamente o que parecia/cheirava/provava o café. Chá de camomila, e dos piores.
Até o cappuccino mal se salvava.
Ana e eu tomávamos e fazíamos careta, o Éder, com cara de sono, tomando o cappuccino com um olho fechado e outro aberto, a Marcela cochilava e falava "num gosto de café, nem de leite", e a Kika ria, acho que mais de desespero de não ter café no recinto.
A gente tinha marcado uma praia pra tarde de sábado, mas duvide-ó-dó que alguém acordou.
Ninguém tinha cafeína suficiente no sangue pra tanto.



Obs.: Não vou devolver o tempo que você gastou lendo esse post.
Aliás, se você leu até aqui, eu devo ser muito bom em escrever (ou você muito persistente.)!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Novo Ano.

Um ano novo começou!
Isso é bom ou ruim? Quero crer que bom.
Sou um otimista por natureza (é, um vício e uma virtude ao mesmo tempo), não consigo deixar de pensar que esse ano promete ser melhor que o passado e pior que o que virá.
2008, pelo menos pra mim, foi o melhor ano que vivi até hoje, de longe.
Coisas ótimas que aconteceram, mas que não me sinto tão à vontade de comentar em um post, pelo menos não no momento. Talvez, quem sabe, porventura, em algum post futuro?
Outrossim, é que consegui terminar um pequeno poema que estava engavetado há algum tempo já.
Só tinha escrito a primeira e a última estrofe, mas faltava algo no meio... deixei-o lá, "marinando" e, de súbito, me veio na cabeça a estrofe do meio, inteira.
Agora, um trechinho de uma música do Hoodoo Gurus, "Come Anytime".
Ah, que som era aquele? Mágico, e, de certa forma, ressurgiu na minha vida em 2008 e, também graças a essa música, meu ano foi tão bom...
Aham, isso aí:

"Come anytime, I won't give you pressure
Come anytime - I can wait forever
And if you can't make up your mind
We could make it up together."

Tô me esquecendo de alguma coisa... Ah sim! O poema!
Não tem nome ainda, não reparem, e sintam-se à vontade para sugerirem algum.



"Sou o que sou
e quem sou... não importa!
O tempo, que te dita as regras
não se importa se não o sigo, às cegas.
Sou novo como a estrela que morre
e antigo como o botão que brota.

Sobrevivendo uma vida, na sombra
que uma vez julguei ser a humanidade.
Me engano a cada dia, torcendo pelo final.
Observo o vôo da gaivota
e sinto, me sinto mais perto da liberdade
e peço e rezo, rezo e peço algum sinal.

Impulsivo, compulsivo, obsessivo
não vivo, habito.
Como a pessoa que é sábia e não sabe
não moro, sobrevivo!
Ando no ritmo da cidade:
o semáforo, o carro, o apito..."



Paulo Oliveira