terça-feira, 4 de maio de 2010
Eu esperarei pelo inverno.
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quinta-feira, 1 de abril de 2010
Menina Azevedo de Oliveira.
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segunda-feira, 22 de março de 2010
Dengue.
Peguei dengue.
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Último Colóquio (III)
A última parte do conto que ninguém vai ler...
Bom, depois de postar isso, vou fazer uma experiência e começar a usar o blog pra postar coisas do cotidiano, e de vez em quando um texto.
Tenho feito o contrário até agora, apesar de muitos dos meus textos terem alguma coisa de verídica e autobiográfica neles.
Não, esse conto não tem nada de verídico (apesar de eu não poder afirmar, com certeza) ou autobiográfico...
(continuação)
Um vulto encontrava-se sentado nele, e aproximando-se mais um pouco, pode ver que o que quer que estivesse sentado nele, trajava um manto negro rasgado. Viu uma das mangas e o capuz levantarem-se e pode ver a mão e o rosto cadavéricos daquele que estava ali, diante dele.
Ficou petrificado de tal forma que não pode nem mesmo desviar os olhos dos orifícios onde os olhos daquilo deveriam estar. Então, a voz que saiu das mandíbulas daquela coisa ali sentada penetrou em sua mente, e não em seus ouvidos, como se lhe falasse por telepatia, e de uma maneira que ele jamais poderia esquecer, mesmo que vivesse por mil vidas:
-Todos que entram aqui podem sair. São livres para fazê-lo, basta, para tanto, acharem a saída. Tu, contudo, trilhaste teu próprio caminho, o caminho de teu medo e desespero, e chegaste até mim. Eu sou aquela que todos temem, que todos odeiam e que ninguém espera, embora todos saibam que, um dia, cedo ou tarde, os visitarei. Chamam-me Morte. Tu ignoraste meus avisos, e agora deves vir comigo. Espero que tua última refeição tenha sido aprazível. Era teu prato favorito, sabes? Mas tu demoraste, e eu me demorei. Contudo, não falho.
E, talvez por um surto de coragem, talvez por um surto de desespero ou um surto de loucura, não há como saber, ele disse:
-Mas eu, bem... eu... eu esperava ser alguém importante, famoso, que fizesse a diferença para o mundo.
-Isso é o que todos esperam e acham. Só que, enquanto tu, e muitos outros como tu apenas esperam ser, e esperam, e esperam até que eu venha a visitá-los, outros, como Da Vinci, Flamel e Einstein esperam e o são. Agora responda-me: tu sabes o porquê disso? Porque eles agem! Eu visitei, visito e visitarei à tudo e todos, sem distinção de raça, cor, credo, idade ou sexo. Visitei papas e mendigos, camponeses e monarcas, rainhas e atores, heróis e vilões. Eu existo desde sempre, e para sempre existirei.
-Mas porquê...
-Porquê a vida precisa ser renovada. Visito todos, e visito tudo. Torno pedras em areia, e destruo árvores, para que sirvam de fonte para novas mudas, e desfaço corpos decadentes, como o teu, para que novos ocupem o espaço que outrora o teu ocupara.
-Mas como “decadente”? Eu só tenho vinte e três... porquê?
-Vocês humanos, com seus “mas” e “porquês”... Tudo recebe o meu sopro, dia após dia, hora após hora, desde o momento em que passam a existir. O homem começa a morrer à partir do momento em que é concebido no ventre da mãe; a árvore começa a apodrecer desde o momento em que seu grão germina. Tu não poderás compreender isso, nunca enquanto trajares estes andrajos que chama de “corpo”, saberás apenas quando for alma. Quando te despojares disso que vestes saberá, ou melhor, lembrará, para mais tarde, quando tomares uma nova carcaça, tornares a esquecer. Não há motivo para temer a mim. Sou eu quem fecha a porta da ignorância e abre a porta do conhecimento. Todos, inclusive tu, tentam entender-me, embora não haja o que entender. Não sou um enigma, apenas sou... a Morte.
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terça-feira, 3 de novembro de 2009
Último Colóquio (II)
Ahn... alguém ainda tá lendo isso?
Eu tenho mais coisas pra falar aqui, sobre o que tem rolado nos últimos... ahn... meses!
Mas vou terminar de postar o conto primeiro!
(...continuação)
Quando as portas duplas se abriram, revelaram uma ampla biblioteca. Livros antiqüíssimos estavam dispostos nas estantes que forravam todas as paredes do grandioso salão. Um odor estranho e repulsivo pairava e impregnava o cômodo. Notou que no centro da pequena mesa de leitura repousava uma bandeja coberta com tampa de prata. Era dali que vinha o cheiro. Sentou-se na poltrona de veludo carmesim mofado e levantou a tampa cuidadosamente, depois largando-a, fazendo com que caísse ruidosamente no chão, causando um estrondo que ecoou por toda a mansão.A bandeja continha um grande bife, de carne podre e enegrecida por baixo da grotesca capa de minúsculos vermes brancos.
O vômito veio-lhe a garganta e ele não pode segurar, e o nauseante cheiro da golfada misturou-se ao da carne, praticamente expulsando-o da sala, e saindo dela, enxugou a boca com a manga da camisa preta.
Com o canto do olho, avistou um vulto entrando em uma das portas do corredor do lado esquerdo da escadaria, correu para a porta que jurou ter visto fechar, tocou a maçaneta e girou-a, mas deteve-se, enregelado pelo seu nome sussurrado bem atrás de si. Olhou em volta, sentindo o coração palpitante fazer-lhe tremer o corpo todo, as têmporas latejando e a adrenalina fluindo abundantemente, fazendo seus tímpanos zumbirem. Virou-se e caminhou lentamente até a porta mais próxima de suas costas e antes mesmo de tocá-la seu nome foi sussurrado mais uma vez atrás de si.
Era impossível isso, ou alguém, ou alguma coisa estava fazendo com que sua sanidade se esvaísse muito depressa. Abriu a porta imediatamente atrás de si e um cheiro de mofo e umidade escapou pela fresta aberta. Ignorando o calafrio que percorreu sua espinha, entrou na sala, e o que viu não era uma sala, mas uma escadaria longa e descendente, iluminada por tochas. Depois de muito hesitar, resolveu descê-la. Quando pôs o primeiro pé no primeiro degrau da escada, ouviu claramente por trás de seu ouvido direito o sussurro dizendo-lhe:
-Não desça.
Aquilo o assustou, e, por instinto, desceu a escadaria o mais rápido que pode. As chamas das tochas na parede tremiam com o deslocamento de ar provocado pela sua passagem. O coração parecia estar batendo em sua garganta e o sangue e a adrenalina faziam seus olhos saltarem e sua cabeça latejar. Ele desceu a escadaria por um bom tempo, e quando chegou ao seu final, o que viu foi um largo e alto arco gótico, como aqueles de seus livros de arquitetura. Com medo de que o sussurro o seguisse, entrou pelo pórtico e viu um amplo salão, com aparelhos de tortura, estantes de livros e armaduras, tudo disposto de forma tortuosa e displicente, destacando-se do resto da mobília do cômodo um escuro trono ao fundo.
(continua...)
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sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Último Colóquio.
Tava sem vontade nenhuma de postar já há algum tempo.
Não sei a causa, motivo, razão ou circunstância, mesmo tendo produzido algumas coisas durante esse recesso.
Mas não postarei o que produzi aqui tão cedo.
O que escrevo, penso que é como vinho: precisa envelhecer pra ficar bom, mesmo que eu nem toque nele (no vinho, ou no texto).
Sugestão: Se vocês gostam das estórias sobre o Rei Arthur, leiam "Once and Future King", de T.H. White.
Sem mais para o momento, apresento-lhes um conto, que escrevi quando fazia teatro, tv e cinema, (realmente, fiz esses cursos) coisa de uns 9 ou 10 anos atrás.
Chama-se "Último Colóquio", e vou postá-lo dividido, assim a leitura não fica cansativa demais.
Ah, e façam de conta que ouviram um rufar de tambores e toques de corneta...
Quando ele acordou, tudo estava mergulhado na mais profunda escuridão. Não sabia onde, quando ou porquê estava naquela tenebrosa sala. Lembrou-se que sonhara, mas quando forçou a memória, a lembrança fugiu-lhe.
Era uma casa, ou melhor, um casarão. Ele estava estirado no escuro e frio chão de mármore negro do amplo salão de entrada. As portas duplas, que davam acesso ao mundo exterior estavam vedadas com tábuas e pregos, assim como as janelas, também vedadas com tábuas e pregos por trás das pesadas cortinas de veludo cor-de-sangue que, mesmo abertas, não ajudavam em nada para iluminar o ambiente. Só com a ajuda da pouca luz lunar que, teimosamente conseguia penetrar pelas frestas das tábuas, foi que ele pôde enxergar móveis muito antigos, do século XV ou anterior, quem sabe. Poltronas e almofadas empoeiradas e mofadas, pesados livros amarelados em pesadas estantes de madeira escura, cheias de teias de aranhas contribuíam para que o clima fosse o menos acolhedor possível. Ele nem sabia que em pleno século XXI ainda existiam casas como aquela; muito mais parecida com um cenário de filme de terror do que com uma casa.
Um velho relógio de pêndulo bateu uma, duas, doze vezes. Era meia-noite (ou meio-dia?). É, agora ele tinha certeza: era um filme de terror e, logo após o ressoar da décima segunda badalada sumir por completo, ele gargalhou, e gargalhou histericamente, pois sabia que não sabia mais o que fazer, a não ser rir da situação.
O relógio bateu mais uma vez. Uma demorada hora. Esse foi o tempo que ele levou para perceber que estava em pânico e, mesmo não sendo supersticioso, bateu três vezes na madeira da estante quando um pensamento bobo sobre seu futuro ali lhe passou pela cabeça.
Resolveu subir a larga escadaria dupla até o segundo piso, pois mesmo apavorado, não poderia ficar ali para sempre. Subiu degrau por degrau demoradamente, e com cautela demasiada, chegando ao topo da escada em segurança e respirando aliviado, deixou-se pensar e suspirar um tímido “graças a Deus”.
O alívio só durou até que enxergasse na penumbra em que se encontrava, aquele pavoroso quadro de alguém com o rosto desfigurado pelo que ele julgou ser uma espécie de mumificação, coma pele seca, lábios repuxados e dentes amarelados à mostra, parcos fios de cabelo, mal cobrindo a cabeça, deixando transparecer um couro cabeludo ressecado e rachado e, nisso tudo, o que ele achou mais perturbador, foram os olhos, estranhamente vívidos do quadro, como se olhassem para ele com pena e ódio ao mesmo tempo.
Virando as costas para o quadro e voltando a encarar a escadaria, enxergou à sua direita um longo corredor com uma única porta dupla ao fundo, e a sua esquerda, um corredor semelhante, porém com varias portas de vários os lados, e uma pequena porta ao fundo. Um pensamento bobo ocorreu-lhe: o corredor da direita tinha menos portas e, por conseqüência, teria menos monstros. Sorriu silenciosamente da própria idéia e resolveu tomar o caminho da direita mesmo... “Io no creo em brujas, pero que las hay, las hay”.
(continua...)
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segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Ao Papai.
Ele merece um prêmio de consolação pelo campeonato que disputamos e ele perdeu.
É, fizemos um campeonato de quem tem mais dedos, e ganhei de lavada, já que ele amputou o dedo dele semana retrasada.
Ah, você notou que tenho o humor um tanto mórbido? Isso só às vezes!
Eu vejo.
Eu vejo como ele fica triste no dia do meu aniversário por eu ter nascido um dia depois do aniversário de morte da mãe dele.
Eu sinto.
Eu sinto que ele não está satisfeito por eu não estar em uma faculdade pública, fazendo um curso que eu não gosto, ou por eu estar desempregado.
Eu ouço.
Eu ouço quando, às vezes, ele está estressado, reclama com minha irmã que ela está muito folgada, que somos “uns bostas” e que demos “poucas alegrias e mais problemas”.
Mas o que eu posso fazer? Mesmo tendo todos esses motivos pra ter raiva, ou rancor, ou qualquer outro sentimento mais “baixo” por ele, eu o amo.
Por quê?
Porque eu vejo.
Eu vejo quando ele chega, e o sorriso que se estampa, tímido e sutil, no rosto dele quando ele vê que todos nós estamos em casa, dormindo ou acordados.
Porque eu ouço.
Eu ouço o “Deus te abençoe” que vem do fundo do coração quando lhe peço a benção e dou boa noite.
Porque eu sinto.
Eu sinto que mesmo quando eu durmo fora, ele me dá um beijo de boa-noite e (mesmo não precisando) se esforça pra gostar do que eu gosto e me agradar.
E principalmente porque eu lembro.
Eu lembro das “aventuras” que tínhamos quando eu era mais novo, das noites que ele passou em claro quando eu estava doente, de todas as coisas que ele me ensinou e não esqueci mais, dos segredos e das conversas sem sentido que tínhamos e, o mais importante e por incrível que pareça, de como ele ficou feliz quando cada um de nós nasceu...