segunda-feira, 28 de julho de 2008

Tempo para um amigo.

"Tempo" é aquela coisinha que a gente passa a vida inteira buscando mais, e tendo cada vez menos...

Na escola, vocês eram inseparáveis. Onde um estava, o outro estava também, isso era certeza. Sua alegria contagiava à todos, desde os amigos mais jovens (que achavam vocês o máximo) até os professores, mesmo aqueles que eram alvo das suas piadinhas e gozações.


Lembra que vocês tinham sempre planos, sobre serem soldados juntos, serem sócias em uma boutique, serem astronautas, professoras, médicos, pilotos de caça, cientistas?

Tantos objetivos e sonhos em comum, e todos eles sempre em dupla, e todos eles sempre conduzindo-os inexoravelmente, ao sucesso. Juntos, sempre.

Nossa! Você lembra?

Quantas aventuras, como aquele forte que vocês fizeram em cima da árvore, aquela tarde de sábado no shopping em que vocês conheceram aqueles dois gatinhos, ou aquela pescaria no feriadão em que vocês alugaram um barquinho furado, ou ainda aquele filme do Tom Cruise que vocês assistiram a estréia no cinema, juntas.

Vocês continuaram crescendo e descobrindo suas vocações. Chegou a época do vestibular e você presta pra Direito, ele você não sabe; você presta pra Medicina, ela você não sabe, não foi nem na mesma faculdade.

Quando vocês se encontram de novo, na escola, você pergunta para que ele prestou e ele diz que foi Engenharia; ela te conta que vai fazer Rádio e TV. E quando terminam as aulas é aquele choro, as despedidas dos outros amigos, e coisas como: “não me esquece!”, “eu te ligo” e “a gente se vê”. Ele te abraça e te diz: “vamos todo domingo jogar bola na praia, tá?”; você dá um abraço e um beijo nela e diz: “não esquece, hein: sábado que vem, shopping!”.

Você agora tem um emprego, ele trabalha e continua estudando; você trabalha, estuda e agora tem um namorado, ela casou e começou a trabalhar. Você se lembra com saudade dessa conversa e dessa época, claro que se lembra, só fazem um ou dois anos... Ou três... Ou seis, ou nove, ou... Nossa! Já fazem uns 15 anos! Você se lembra com muita saudade dele ou dela, e é claro que ele ou ela lembra-se de você também, mas fazer o quê?

A vida é muita corrida hoje em dia, e nenhum de vocês pode se dar ao luxo de dedicar (desperdiçar) tempo com um amigo, não é?



Tempo para um Amigo - Paulo Oliveira

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Na Praça.

Esperança é a última que morre. Quem discorda?


Se encontraram em uma praça qualquer, casualmente, pouco mais de um ano depois do fim do relacionamento.


-Oi. – cumprimenta ela, sentando-se.

-Oi.

Foi um cumprimento frio, seco, sem qualquer emoção, olhar nos olhos ou aperto de mão. Seguiram-se dois minutos de silêncio até outra palavra sair de uma das bocas:

- E aí? Tudo bem? – ele pergunta.

-Tudo. E você?

-Aham.

Mais silêncio.

-E aí? Você ainda ta com a...

-Não, não. E você e o .....?

-Não, também acabou.

Uma bela garota passa, ele presta bastante atenção em sua ‘passagem” .

- Mas você não tem jeito mesmo, né?!?-resmunga ela, indignada.

-O quê?!?

-Mesmo o destino juntando, você faz o favor de separar, né?!?

-Separar o quê?

-Você acha que eu não vi como você olhou para aquela garota?

-E o que é que tem? Eu não tenho mais nada com você...

-Mas e quando tinha?

-Peraí! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

-Ai, quer saber?!? Deixa pra lá, você não entende mesmo...-e ela se levanta e vai embora, desejando novamente que ele mude.

-Entender o que?? Que garota maluca!! – e ele se levanta e vai embora, desejando novamente que ela mude...



Na Praça - Paulo Oliveira.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Telefonema.

Juventude é sempre uma coisa linda e inspiradora, não?
Quando eu era jovem... deixa pra lá!

-Alô? – ela atende.

-Oi. E aí? Tudo bem?

-Tudo, e você?

-Ok. Tá fazendo alguma coisa? – ele pergunta.

-Não, só... vendo TV.

-Ah. E o que tá passando?

-Um filme aqui...

-Vamos sair?

-Pra onde?

-Ah, sei lá, vamos dançar, é que eu tô querendo um negócio...

-O quê?

-Te beijar.

-Ah, eu também...

-Então, se arruma que daqui a, hum, deixa eu ver... meia hora!

-Ahn...

-Daqui a meia hora eu to passando aí!

-Tá bom.

-Daí eu mato minhas saudades, a gente sai, fica junto um pouco... que tal?

-Hum, legal!

-Então até já!

-Tchau.

-Beijo...

-Ah, só uma coisa...

-Oi, fala!

-Quem é, mesmo...?


Telefonema - Paulo Oliveira.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Nomes Idiotas Para Quadros Idiotas.

Os "quadros" aos quais me refiro não são quadros de obras de arte, são quadros de programas mesmo. Por exemplo: há uns dois ou três finais de semana, enquanto mudava de canal, vi um quadro em que o GC dizia, na parte de baixo da tela:

"Construindo um sonho: Menina de 3 anos quer ganhar um cavalo."

A pergunta principal é: que diabos uma menina de 3 anos vai fazer com um cavalo? Nem com um pônei (que aliás, é o animal mais sem propósito que existe) ela conseguiria fazer alguma coisa! Imaginem se ela mora em um apartamento: a mamãe resmungando enquanto cata (com uma pá de coveiro) o "cocôzinho" que o cavalo fez no sofá da sala:

"-Eu tenho que ensinar esse pangaré a fazer cocô em cima do jornal!"


E por quê o nome do quadro é "Construindo um sonho"? Ele vai construir um cavalo pra menina?
Dar uma de Dr. Frankenstein, usar partes de alazões mortos deve sair um tanto quanto barato.
Deve ter sido lindo quando ele disse:

"-Fulaninha, aqui está seu cavalo!"

e entregou uma traquitana assim pra garota:



Daria tudo pra ter visto, mas a náusea me fez mudar de canal...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Vale a pena (por incrível que pareça!).

Hoje ainda não é quarta, nem é o sétimo dia para que eu descanse, então vou começar com o pé esquerdo mesmo, para vocês não terem qualquer surpresa amanhã...


Sabe aquelas quartas-feiras brabas, você desce do beliche com o pé esquerdo, sonado ainda, e leva um tombo; vai tomar um gole de café e está gelado e amargo; acende a luz do banheiro e ela queima, assim como o chuveiro, e o banho têm que ser gelado mesmo. Procura alguma coisa pra comer e só tem um pão mofado.

Sai para comprar pão e o pão acabou de acabar. Você fica 20 minutos na fila esperando o pão quente. Chega em casa, prepara seu pão e quando toma o café, ele está gelado (porquê você não esquentou antes de sair pra comprar pão?). Esquenta o café e, quando este fica quente, é o pão que está gelado. Vai assistir ao filme que você alugou ontem e, o filme (além de ser uma porcaria!) não chega ao final, pois o vídeo-cassete engole a fita. Dois gastos a mais: conserto do vídeo e multa da fita! Só para fechar a manhã, sua cachorra vomita em você e sua irmã chega toda nervosinha da escola (ah, os mistérios da adolescência!).
Você se corta preparando o almoço e morde a bochecha almoçando. Sua bicicleta está com o pneu furado (surpresa...) e você pega um ônibus, chegando ao lugar que tinha de ir com cinco minutos de atraso; mas isso não importa muito, pois você espera pelo seu amigo por duas horas, só para ele te entregar um CD, e mesmo depois dessas duas horas, ele não vem.
Você vai pra casa de outro amigo seu, para reclamar da vida, e o seu amigo (aquele que te deu o cano) está lá, jogando videogame. Sem nem perguntar, você começa a jogar, quem sabe relaxar um pouco... mas o jogo trava.
E, na primeira boa idéia do dia, você resolve ir para casa, cansado, morrendo de sono, vê seu ônibus passar, corre, faz sinal, mas mesmo assim, o motorista não pára. Enquanto você pragueja e escolhe entre cicuta, tiro na cabeça ou gilete nos pulsos, você olha para o ônibus que passa e a vê, quase um ano depois da ultima vez que a viu, acenando para você e gesticulando de dentro do ônibus, eufórica, sinais de “me liga!” e, mesmo cansado, você corre atrás do ônibus (igual um pateta, diga-se de passagem) até onde as pernas agüentam.
Você finalmente vai para casa e dorme estranhamente satisfeito, pois aquele curto minuto valeu a pena.



Vale a Pena - Paulo Oliveira.